Casa vazia. Minha mãe viajou e com ela levou minah irmã, estou só.
Conversava com um amigo pelo msn, mas sabia que precisava de um cigarro. Então, pedi uma pausa e fui até à varanda da minha casa, acendi meu cigarro e como na maioria das vezes em que fumo, penso, ou tento não pensar tanto assim. A meio cigarro, liberei as cinzas no ar, e quando dei por mim, vi um brilho diferente numa folha de roseira que mais lembrava as brasas fátuas de fumo que logo se esvaem... Mas o brilho era continuado. Eu estava a mais ou menos uns dois metros de distância do cacho de botões de onde o blilho emanava. Situação incomum esta minha. É como se ao me descobrir diferente, um curinga, um ser vivo a pulsar num espaço sem fim, passasse também a ver mais, a enxergar além das aparências. Não era uma brasa... Era uma gota de orvalho que pendia de uma folha qualquer numa planta de jardim. Tão comum, mas o que quebrava toda a expectativa de normalidade era justamente o fato de eu ter examinado melhor aquela simples folha, mesmo de onde estava, e percebido que no brilho amarelado do orvalho estava o céu à minha cabeça e suas luzes. Uma simples gota refletindo todo um colosso... Céus, será o universo tão pequeno para caber numa só gota d'água?
São esperiências únicas como estas que não há câmera que extraia ou papel em que se escreva.
Um relato de um humano. Não mais que dez minutos atrás.Hugo Pereira
sábado, 23 de agosto de 2008
A gota d'água
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