o Sin gula r

sábado, 4 de dezembro de 2021

Notas de rebentação

Primeiramente me perdoe o desabafo, em seguida me perdoe a tentativa desta semana, eu não consegui mais uma vez. 

Me sinto sufocado, sufocado mesmo, até abro o peito para tentar fazer passar.

Tudo está tão apertado, claustrofóbico e espinhoso. Eu mal caibo dentro de mim, eu e tudo o que dói.

Depois dos trinta as pequenas dores se tornaram torturas excruciantes, agora por exemplo dói tenebrosamente: a realidade arranca meu coração do peito com um gancho e eu não sei o que fazer para esta dor parar, mas talvez eu saiba.

Eu sinto vontade de fazer tudo de novo, mas desta vez do jeito certo, para parar de doer de uma vez e nunca mais ter de me arrepender por não ter conseguido. Quem sabe conforme a vida se esvai, o faz também a consciência e seus pesos todos. Morrer deve ser como nascer, só que ao invés de chorar a gente cala.

Tudo parece tão fino, tão delicado, sensível. Olho para meus pulsos, as veias saltadas pulsam, vida e morte misturadas. Eu estou tão mal, cara, não sei se vou conseguir terminar isso aqui.

Me falta ar, eu não sei a quem recorrer, se quero recorrer.


Hugo Lobo

Nenhum comentário: